12/03/2004

Três poemas

Poemas de Edgar Oliveira
do livro De Asas e Precipícios
ou o Livro do Cotidiano



Deus existe
está triste, infeliz e só
Eu sei
porque o vi noutro dia
caído na calçada
inchado de cachaça
assolado pelo vento
frio e cortante
quase sem roupa
quase moribundo
Deus, quase
Eu sei
porque o vi
quando passei
apressado






Ela voltou-me as costas
e saiu
pela porta da frente
para sempre
para sempre
para sempre
A dor é eterna
porque é eterna
a partida
Súbito
senti-me estranho
embora estando
entres os meus
Fugiu-me saber
o dia de domingo
a casa onde moro
A faca e o seu destino
ambos cegos
Ela partiu-me
para sempre





Enamorados
suavemente
ele passa mão em seus cabelos
Virão os filhos
aves de arribação
depois o cansaço
e a solidão

Meu Deus
sê clemente
faz eterno
o gesto

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