12/18/2008

Porto Poesia recebe Troféu Açorianos

O Porto Poesia recebeu no ultimo dia 15 de dezembro Troféu Açorianos de Incentivo a Literatura e a Leitura da Secretaria de Cultura de Porto Alegre o mais importante e representativo prêmio de literatura do Estado do Rio grande do Sul. O evento realizado no mês de outubro, reuniu em Porto Alegre nas depedências do Shopping Total, mais de 100 palestrantes, entre poetas, oficineiros, professores,etc. Na ocasião, também foram feitos lançamentos de livros, exibidos filmes e performances e contou com a presença também de autores de outros Estados. E, 2009 o Porto Poesia deverá prosseguir na sua terceira edição também no mês de outubro.

7/25/2008

PortoPoesia lança parceria com o Shopping TOTAL


Na ocasião foram apresentadas as novidades da segunda edição do festival de Poesia de Porto Alegre, que ocorre de 06 a 12 de outubro de 2008. Além disso, também foi lançado também a primeira edição do jornal PortoPoesia Literatura & Arte.



No dia 16 de julho foi lançado a segunda edição do PortoPoesia – Festival de Poesia de Porto Alegre, com apresentação das novidades que o evento traz neste ano, entre elas, a parceria com o Shopping TOTAL, que sediará toda sua programação. Esta parceria foi oficializada durante o evento, com assinatura de termo de colaboração entre a organização do festival e representantes do Shopping.
A parceria entre o PortoPoesia e Shopping TOTAL se insere no novo conceito do Shopping, em valorizar a cultura, iniciado com o projeto de Lifestyle que está transformando o conjunto de prédios tombados da antiga Cervejaria Bopp, em espaços para diversas expressões da arte, com operações exclusivas distribuídas em alamedas e largos temáticos. De acordo com Marco Celso H. Viola, um dos realizadores do evento, essa parceria “desacraliza a poesia, tirando-a de dentro das livrarias e colocando-a num dos espaços mais tradicionais e belos da cidade, ao alcance de todos os públicos”.
Durante o evento, também foi lançado primeira edição do jornal PortoPoesia Literatura & Arte, uma publicação cultural que visa resgatar a tradição do jornalismo literário no Estado, abrindo espaço para a divulgação da produção local. O jornal possui um Conselho Editorial, composto pelos gestores do PortoPoesia, que elegeu três gêneros prioritários para publicação: poesia, conto e ensaio. O jornal, em formato tablóide, possui 12 páginas e terá periodicidade mensal e distribuição gratuita.

A segunda edição do festival PortoPoesia será realizada de 06 a 12 de outubro de 2008 e contará com uma programação intensa que contempla 12 palestras, 22 sessões de leituras de poesia, 4 rodas de poesias para crianças, 14 performances, 11 debates, 12 espetáculos, 10 oficinas, diversos lançamentos, sessões de autógrafos, saraus, apresentações livres, sessões de cinema e exposições de acervos, entre elas uma Mostra Nacional de Revistas de Poesia. Serão 10 horas diárias de atrações totalizando 85 apresentações em 70 horas de atividades culturais. A organização estima a participação de mais de 8 mil pessoas, durante o evento. Até o momento, mais de 50 profissionais da área da cultura e poetas confirmaram suas presenças no comando das atividades, entre eles, Armindo Trevisan, Donald Schüller, Alcy Cheuiche, Lau Siqueira, Luiz Coronel, Oliveira Silveira, Paulo Custódio, José Eduardo Degrazia,Mario Pirata, entre outros. O evento acontecerá em diversos espaços do Shopping Total. Como na edição anterior, a programação é gratuita e aberta ao publico.
O PortoPoesia é um festival de poesia concebido da união dos poetas locais, com o objetivo de abrir espaço para as produções gaúchas e tornar conhecido este importante gênero literário, a fim de democratizar a informação literária em Porto Alegre. A idéia é mobilizar pesquisadores, professores universitários, escolas de ensino médio, tradutores de poesia, profissionais do teatro, músicos, artistas plásticos, letristas, e poetas convidados, propiciando o acesso à cultura e educação, estimulando o desenvolvimento do gosto literário em crianças, jovens e no público em geral.
Além do Shopping TOTAL o PortoPoesia conta com o apoio das Secretarias de Educação e Cultura de Porto Alegre.

6/28/2008

Exumando pó ou o filho do barbeiro de Fernando Pessoa

Marco Celso Huffell Viola


A mídia e um círculo de parasitas que navega entre as academias adora comemorar, festejar a obra de autores, sejam quais forem, e os centenários,então, são o motivo ideal, cem anos disso ou daquilo.No ano seguinte a obra é esquecida e, na mesma velocidade, um novo autor “centenário” é rememorado. E, todos esses comemoradores, mordem e ganham alguma coisa com isso, ou seus quinze minutos de fama ou dinheiro mesmo.
Agora chegou a vez dos 120 anos de nascimento de Fernando Pessoa. Por que 120 anos?Não entendo a razão de não comemoraram os 119 anos de nascimento ou 121, ou 119 e um quarto... Um recente documentário da Globonews sobre os 120 anos de nascimento de Fernando Pessoa só mostrou o quão foi pequena ou miúda (como dizem os portugueses) a vida de um dos maiores poetas da língua portuguesa e menor ainda a imaginação do repórter, que a determinado momento chega aproximar o poeta português a Leonardo da Vinci em função de duas invenções dele, a carta-envelope e a máquina de escrever com tipos móveis,invenções essas das quais não existe o menor registro.
Por mais que o jornalista buscasse alguma coisa, revirando velhas anotações, fotos, parentes, mais distante ficava da obra do poeta. E, surge a clássica entrevista com um “estudioso,especialista” junto à estátua de bronze que paralisa em metal uma também fase miúda e magra da vida do poeta como se aquela fosse a verdadeira imagem dele.Uma caricatura em metal como tantas outras que povoam as praças do mundo de fantasmas inúteis que só servem para abrigo das pombas ou para os ladrões de bronze.
Dos especialistas,parentes, sobre a vida de Fernando Pessoa, não havia nada mais a declarar sobre ele que já não se soubesse.Em determinado ponto do documentário o jornalista resolveu entrevistar o filho do barbeiro do Fernando Pessoa...Incrível.Há no documentário, também um filme da ex-namorada, do poeta. Pra quê?Vê-se a distância uma senhora com rosto comum, pateticamente, já morta, abanando de uma janela.Nonsense puro.
O poeta não deixou a guarda de sua alma em fotos, parentes desimportantes ou mesmo no esquema de elétricos feito por ele para encontrar com a namorada.Aquilo tudo está velho desfocado,amarelo. O que ele deixou de importante foi a sua obra, não sua vida.”Viver não é preciso.”E ele viveu pouco, quase nada, o suficiente apenas para escrever.Homenagens nunca as teve,apenas um livro publicado durante sua existência física.Mas isso não interessa esses exumadores de pó como se apenas a realidade vivida pelo poeta possa revelar ou dizer sobre sua identidade,impossível para alguém que em toda a sua obra negou a sua. A vida prática do poeta português, a não ser seu encontro com Alesiter Crowlewy e a correção de seu horóscopo, nada teve mais rumoroso,importante, nada absolutamente nada estranho ou digno de nota, ao contrário da obra. A sua vida pode ser comparada aos brasileiros Drumond e Manoel Bandeira,uma vida comum, banal,cuja vida interior é muitas e várias vezes mais rica e habitada que a vida exterior.
A obra do poeta é sua vida interior,o exterior é apenas um rasgo, uma fresta aonde o verdadeiro poeta espia.Há, as exceções, quando a vida do poeta mistura com sua arte,então, existe algum significado associá-los,mesmo assim não completamente, poesia não é arte da realidade. Recentemente ouvi,um desses analistas da obra alheia, ansioso por declarar algo importante,sobre Mario Quintana.Contemporâneo de Mário (eram colegas de redação) ele falou sobre o poeta:“aprendi mais com o silêncio de Mário do com que com suas palavras.” Traduzindo: o poeta não falava com ele. Não dava a mínima importância a esse analista futuro de sua obra.
Não é ótimo?
A necessidade de aduzir, enxertar-se na pessoa da poeta é tanta que vale tudo, mesmo que isso seja completamente insignificante e desnecessário.Mas o que afirmo aqui pode ser associado a outros gêneros de arte, todos têm os seus “especialistas, não criativos” sem luz própria que precisam para sobreviver, se aquecer como mariposas na luz alheia.
Aliás, o filho do barbeiro de Fernando Pessoa perdeu a oportunidade de recolher algumas fiapos do cabelo do poeta ou de sua barba e guardar para posteridade se soubesse, na ocasião, de quem se tratava.E se fosse um filho de barbeiro com imaginação poderia dizer até que Fernando Pessoa pagava com versos ao corte de cabelo do fígaro seu pai.Mas não, tanto ele como o repórter eram um pouco sem imaginação e ficamos nós todos pensando o que poderia fazer um poeta dentro de uma barbearia, imagino que ele também poderia ter escrito o poema A Barbearia, auxiliando, e muito, as entrevistas futuras do filho do barbeiro...Ficou-me a impressão (ou me ficou a impressão?) que o poeta não gostava desse barbeiro e preferia o dono da tabacaria, resta saber se existe algum sobrevivente dessa loja onde ele comprava seus fumos, e se ele aparecer, certamente, vai colaborar apenas com a nossa compreensão da capacidade pulmonar do poeta ou vai esclarecer e espalhar mais fumaça sobre a obra de Alberto Caieiro ou Ricardo Reis?

3/20/2008

Mídia medíocre


Por mais dez anos fui setorista na área e economia de vários jornais,onde cheguei a exercer até a função de colunista fantasma de um colunista preguiçoso, além de ter realizado vários cursos e seminários de especialização sobre economia. Sempre entendi o jornalismo econômico como qualquer outro setor dentro de um veículo de comunicação, como um tradutor dos acontecimentos ou fatos. O jornalista funcionando como um filtro, com alguma reflexão ou mesmo buscando mais de uma visão de um mesmo acontecimento, possibilitando ao leitor uma melhor escolha e compreensão sobre o relatado.
Esse jornalismo sempre foi diferenciado do chamado jornalismo chapa branca que proliferou nas décadas 70/80, mas não deixou de existir e repete e repetia apenas a voz do dono, sem critica ou reflexão. Enquanto na década de 70/80 o jornalismo estava amarrado e amordaçado por censura, na década de 90 a censura econômica aperfeiçoou o serviço, e a critica e a reflexão, no jornalismo, ao ceder ao poder econômico ou ao se tornar política ideológica e/ou partidária atirou ao brejo qualquer possibilidade de seriedade.
Revendo recentemente uma retrospectiva do programa Manhattan Connection- um dos mais antigos programas de televisão por assinatura no Brasil, com 15 anos de existência- ficou bem claro que os melhores momentos do programa foram aqueles em o jornalista Paulo Francis esteve presente. Em 15 anos de programas semanais foi só o Francis que produção conseguiu encontrar. A retrospectiva terminou sendo uma homenagem merecida a ele.
Paulo Francis, antes e tudo, era um jornalista que amava e respeitava a sua profissão, quando presente, no programa, os outros participantes eram meros coadjuvantes diante do brilhantismo contraditório de Francis,”só as pessoas inteligentes são contraditórias”, dizia ele com razão, “a unanimidade é burra”, completaria Nelson Rodrigues.
Entre as várias questões apontadas por Francis estava uma critica a linguagem do jornalismo contemporâneo, voltado para uma mídia réles, simplória, repetitiva e de linguagem empolada.Em um dos momentos, Lucas Mendes fala de alguém, que ele, Lucas, considerava um grande jornalista, Francis pede, então, que cite uma frase, uma única frase desse jornalista: ”-Me cita uma frase, uma só, dele”,diz, e Lucas não consegue, sem se dar conta que o que Francis queria, e afirmava, naquela solicitação, era que o jornalismo é feito de frases e opiniões.Se o jornalista não é capaz de formular uma frase inteligente, não possuía opinião, não era um grande jornalista.
Francis fez parte de uma estirpe que deu grandes nomes ao jornalismo do Brasil, como Nelson Rodrigues, Rubem Braga, Stanislau Ponte Preta, os também poetas Paulo Mendes Campos e Millor Fernandes, entre outros que estiveram também no Pasquim e renovaram a linguagem do jornalismo brasileiro..Acontece que esse jornalismo que Francis praticava,é raramente feito hoje no Brasil.Toda aquela simplicidade,análise e despojamento da linguagem, duramente adquirida pelo Pasquim, perdeu-se no tempo, retrocedeu.
No próprio programa Manhattan Connection, depois do Francis, a critica é rápida, rasteira e desaparece do programa,quando não fica unívoca, não se vê frases inteligentes,brilhantes, mas sim um programinha de dicas novaiorquinas e algumas discussãozinha sobre fatos menores da mídia norte-americana, aquela viceralidade que era dada pelo Francis hoje,esta dividida em patéticos comentários que mal conseguem ultrapassar o nível da banalidade.
Profetas do dia seguinte
E essa banalidade interpretativa empolada pode ser amplamente apreciada em vários telejornais e jornais brasileiros e para citar um exemplo, no recentemente programa exibido na Globo News Espaço Aberto- Crise Externa Qual é a Natureza da Crise?1 Nele,uma das principais setoristas de economia da Rede Globo, entrevista dois bem nutridos economistas brasileiros que deitam sabedoria sobre a crise norte-americana, que ninguém atualmente sabe qual é o tamanho do rombo e que derruba por terra várias gerações de expertos ou espertos, economistas, inclusive estes, que se soubessem que ela estaria por vir certamente teriam ficado milionários,aplicando ou indicando aos seus clientes onde aplicar seus recursos em locais protegidos dessa crise. E a prova mais contundente que nenhum desses economistas sabe exatamente o que está falando e que são profetas do dia seguinte,é a pergunta: Como não sabiam que a economia norte-americana é uma bolha vazia já há vários anos?E com tantos cálculos econômicos disponíveis não sabiam quando ela chegaria ponto de arrebentar?
Que a economia norte-americana deixou de viver de sua riqueza e parou de poupar faz tempo, para viver da poupança do resto do mundo,é sabido desde a década de oitenta, quando o controle do petróleo passou para mão dos árabes e os carros japoneses entupiram os quintais, antes produtivos de Detroit –os recentes documentários do Michel Moore são bastantes claros a esse respeito- a transferência dos empregos para países onde havia mão-de-obra mais barata e os fabulosos investimentos especulativos árabes na economia daquele país, terminaram por deixar o quadro de artificialidade bem visível.
Até onde se sabe todo o sistema capitalista está alicerçado em três bases, setor primário, setor secundário (indústria) e serviços (há escritórios na Índia que encarregados de fazer o imposto de renda de empresas norte-americanas).Não apenas a riqueza norte-americana se espalhou para todo lado, como os empregos, ficando apenas o que era mais barato fazer e produzir no país,nem a recente e multimilionária indústria eletroeletrônica escapou,procurou Taiwan, China, Índia,e assim, o crédito substituiu a produção, mais cedo ou mais tarde, alguém teria que pagar a conta.
Não duvide se dentro alguns anos os mexicanos não tenham que fechar as suas fronteiras aos norte-americanos que podem inverter o fluxo correndo para lá em busca de uma vida melhor..
Se estes profetas do dia seguinte fossem tão sábios assim, um Banco com 105 anos, como Barins não teria quebrado com o cofre cheio de análises econômicas, sobre todo o mundo, e salas abarrotadas de economistas bem nutridos e com apenas um operador mal intencionado na Ásia.Ou não teria acontecido o recente rombo suspeito num dos mais importantes bancos franceses, que na minha opinião, preferiu comprar a culpa de um funcionáriozinho do quinto escalão do que jogá-la sobre a diretoria por aplicações mal feitas na bolha vazia norte-americana, no valor de sete bilhões de dólares. É muito dinheiro para alguém do final da fila do banco mexer sem ter até os parentes colaterais de quinta geração muito bem vigiados.
E, vem, um destes economistas brasileiros depois de meia hora usando a palavra commodities, dizer que a época de ouro acabou. Frase imediatamente repetida pela entrevistadora do programa, sem nenhum critério e análise maior por parte dela.
Mas que época de ouro, cara-pálida?Época de ouro de quem, acabou?Dos norte-americanos?Não me parece que eles tenham vivido numa época de ouro nos últimos vinte anos,mas com desemprego e recessão.
Então, vamos continuar dividindo a conta que não fizemos? Será?Durante o governo Reagan o Tesouro norte-americano resolveu subir os juros para conter a sua inflação (sem olhar para o lados) e quebrou o México que mandou um bilhetinho para Washington, dizendo: “não podemos pagar a conta”. E foi criado o chamado efeito Tequila em que o Brasil entrou junto,o culpado, ora, é claro, o México.Os economistas bem sentados, aqui em vários locais do mundo ao contarem essa história, até hoje, lançam pedras no México. 2
A era Reagan acabou sem que aparecessem os prometidos empregos e o fim da recessão, o Clinton não conseguiu nada além de azarar uma estagiária e fazer com que os homossexuais tivessem direito de freqüentar as forças armadas. Os Bush, republicanos, arrumaram duas guerrinhas na mesma região para ver se melhoravam as finanças internas e faziam com que opinião pública do país deixasse de se preocupar com problemas tão simples como subsistência, continuou tudo igual.Só adiaram o problema.
O sistema capitalista tem infinitas formas de se adaptar,é um perfeito camaleão, quem disser o contrário não andou lendo história ultimamente,ganha com tudo, incluído a desgraça alheia, quebra uns bancos aqui e ali, outros engordam,desfazem-se algumas fortunas,criam-se outras, alguns milhares de norte-americanos perdem suas casas,surge uma novo mercado de residências recicladas ou coisa que valha, e segue o baile, até a próxima crise.
Mas nós aqui, no quintal, pelo que sei, nunca vivemos uma época de ouro e sim, continuamos numa época de metais menos nobres,e miseráveis como sempre fomos, mas e estamos muito bem em algumas commodities como, ferro, petróleo,grãos, carne,laranja etc, continuamos em alguns lugares, com mão de obra escrava e, é impossível perder o que nunca tivemos, uma época de ouro, por exemplo.
Mas perdemos a capacidade de critica e análise e a simplicidade de traduzir os fatos, isso sim.
1) Exibido em 13.03.2008.
2) Manual do Perfeito Idiota Latino-Americano- de autoria do colombiano Plínio Apuleyo Mendoza, do peruano Álvaro Vargas Llosa e do cubano Carlos Alberto Montaner, com prefácios, de Mário Vargas Llosa e de Roberto Campos.

1/26/2008

Acredito na rapaziada... que rapaziada mesmo? A Portelinha é a favela mais segura atualmente do país e a mais inocente.Seu líder comunitário não é traficante e, sim, um simpático sujeito corrupto e corruptor que para se manter e manter funcionando o seu império apenas faz extorsão dos comerciantes locais.Coisa que esses concordam amavelmente dando seu dinheiro para ver todo mundo sorrindo alegre, com todos os dentes, na favela. Na Portelinha o tráfico não tem vez e ninguém empunha armas.Na recente guerra pelo poder dentro da favela, os simpáticos personagens principais esconderam-se atrás de uma mesa de bilhar para se defender das balas dos fuzis AR15 da facção contrária e, só morreram os personagens idiotas, os espertos sobreviveram todos.Por outro lado, a tropa de elite não invadiu e nem atirou em ninguém. È máximo que a ficção nacional novelística conseguiu atingir. Os roteiristas da novela exageraram na dose de realismo parafantástico, com essa novela, mostrando como é bom viver numa favela na cidade maravilhosa,samba, suor e cerveja à vontade o ano todo.O poder público do Rio de Janeiro deveria aceitar as sugestões dos roteiristas da novela e mandar seus funcionários fazer um estágio mais intenso com o administrador da Portelinha para estender o seu modelo para outras favelas do Rio, multiplicando-o, já que é um exemplo completo dos tempos da bela e poética malandragem do Rio de Janeiro,artigo que o país deveria colocar na sua pauta de exportação tamanha aceitação nacional como exemplo de viver bem com o esforço alheio, com a mulher alheia,com o dinheiro alheio.A música de Gonzaguinha que pontua as cenas do personagem principal é outra descaracterização da intenção da própria.A rapaziada a que se refere, com certeza, não é personificada pelo personagem de Antonio Fagundes. E continuando o baile de absurdos, a Universidade particular aproxima-se da favela para captar novos alunos que precisam fazer um prova muito rigorosa, quando se sabe que isso acabou no Brasil, alguém precisa atualizar os roteiristas nisso também, o chamado vestibular da maior parte das universidades pagas não passa mais de uma redação que pode ser feita de qualquer jeito que o candidato é aprovado imediatamente,bolsas integrais? Onde?Só para os moradores da Portelinha.E a Universidade pública, sumiu...Não quer saber de aluno que mora em favela. O tratamento dado ao racismo chega as raias do deboche, por um lado, dois personagens vencem a tudo e a todos os preconceitos com o amor e um filho,por outro, uma acusação falsa que mancha o caráter ilibado de um professor sugerindo que o acusador se vale da pigmentação de sua pele para obter vantagem monetária em conluio com um corpo doscente caricato de uma universidade mais caricata, com uma diretoria hilária e muito mal educada.Todos os personagens ficariam bem num sanatório para doentes mentais incluído os figurinistas que não acertam os óculos para conseguir fazer com que o ator José Wilker consiga uma olhar de intelectual inteligente e não de amante pouco entusiasmado da loira falsa, dona da Faculdade. Do lado do mal, está outro escroque que é do mal porque não é risonho, mas é tão chantagista e ladrão quanto o personagem principal da novela e, é também estereotipo dos empresários nacionais quase sempre retratados como indivíduos sem caráter, ladrões por índole que não medem esforços para realizar suas empresas e, para conseguir vencer, são capazes de roubar até moças ingênuas e indefesas.A caricatura quando bem feita, em ficção, quando bem realizada tem valor,Dias Gomes e mesmo Janete Clair não deixaram bons herdeiros no ramo dos novelistas nacionais.Tanto o molde quanto o resultado dessa novela é lamentável.

1/24/2008

Nazismo e o DNA Criminoso

Marco Celso Huffell Viola

Quando Aldos Huxley publicou Brave New World, em 1932 (Admirável Mundo Novo, na tradução para o português)a civilização industrial dava os primeiros passos e a grande novidade era o início da produção em massa dos carros Ford.
Huxley na sua criação imaginou uma civilização onde as pessoas fossem também produzidas em massa e criados seres perfeitos que pudessem ser corrigidos, caso houvesse algum erro na sua fabricação,possibilitando assim o surgimento de escravos que não criassem problemas sociais, bem como seres superiores.Parte da civilização criada pelo escritor inglês chegou mais rápido que, talvez, ele próprio imaginasse. Antes da Segunda Guerra e, durante, os nazistas começaram a fazer experimentos nesse sentido, tentando realizar uma raça pura através das casas de acasalamento onde eles reuniam casais com ancestrais arianos tentado gerar filhos perfeitos.O resultado foi o que o que se viu, apesar de todo os cuidados, nasceram muitas crianças com defeitos físicos inexplicáveis.O que eles fizeram, além disso, buscando esse resultado está documentado demais, mas nunca é demais falar sobre o assunto.
Hoje se sabe que essa idéia de raça pura não nasceu sozinha havia uma arcabouço cientifico que a sustentava a eugenia ((do grego- bem nascer) o termo foi criado pelo matemático inglês Francis Galton, primo de Darwin e estuda as melhores condições para reprodução humana.A ciência que começou par e passu com o darvinismo continua viva hoje, bem mais modernizada e virando negócio nos bancos de DNA e nas pesquisas que envolvem esse novo caminho da ciência contemporânea.
E a questão do envolvimento ético dos cientistas volta com a toda sua força quando se fala em uma pesquisa como a que deverá ser realizada com jovens prisioneiros da Fase(antiga Febem, troca o nome, mas a situação dos jovens prisioneiros continua idêntico), e jovens considerados não-violentos, pelas duas das principais universidades do Rio Grande do Sul, onde se pretende estabelecer parâmetros que conduzem a descoberta da origem da violência nos jovens aprisionados através, do inclusive, estudo do DNA.
A pesquisa lembra em tudo as práticas nazistas, prisioneiros sendo submetidos à investigação da ciência armada fisicamente e com toda a sabedoria de um psicologia pífia,de parâmetros subjetivos, quando se sabe que o pesquisador interfere no resultado da mesma, sem levar em consideração a situação física e psíquica dos apenados. Compará-los com jovens que não estão na mesma situação, é coisa de uma infantilidade primária.
E correndo por fora chega à nova deusa da ciência atual, o DNA.
Essa confiança irrestrita e sem controle numa ciência que usa o dinheiro público,- uma vez que Universidade Federal do Rio Grande do Sul o utiliza,- na busca aparente do bem estar coletivo,nem sempre pode ser o que aparenta ser. Numa sociedade organizada ou que se pretende como a nossa, é importante salientar que essa mesma confiança levou a ciência aos erros, com os já citados, e a médicos que castravam os pobres ou recomendavam a lobotomia como cura para distúrbios psíquicos, entre várias outras atrocidades que não convém enumerar aqui.
É preciso estar muito atento a isso.
Vamos tecer algumas hipóteses: E se apenas a pesquisa de DNA consegue descobrir que existe um gen da violência? Os portadores desse gen serão separados do resto da humanidade?Com quê?Com marcas adesivas?Tatuagens?Com chips subcutâneos? Confinados já ao nascer? E, se esses brilhantes pesquisadores descobrem, também, que determinadas pessoas têm tendências a carregar mais peso(como burros de carga) que outras, vamos separá-las para usá-los como serviçais?
No gado isso já está sendo feito, agora cabe a nós decidir o quanto somos gado nas mãos de uma ciência que esqueceu a ética em algum canto do seu bolso.
Eis a sociedade de castas previstas por Huxley e tentada realizar pelos nazistas e que os pesquisadores na santa inocência( que não acredito que a tenham,deve ser mais barato, mais fácil e mais cômodo-menos repercussão negativa social- fazer essa pesquisa aqui, do quem em países mais avançados) buscam encontrar aqui no Rio Grande do Sul. Se a sociedade que cerca esses pesquisadores ficar indiferente ao que eles fazem, justificados por seus títulos acadêmicos, talvez um dia eles consigam criar essa sociedade de sonho totalitário.

Sugestão de leitura
Admirável Mundo Novo-Editora Globo

1984- George Orwel- Editora Nacional
http://super.abril.com.br/superarquivo/2005/conteudo_79720.shtml