3/29/2012

Ferreira Gullar não voa

Ferreira Gullar não viaja de avião, em função disso o poeta se tem deslocado pouco do Rio de Janeiro para fazer palestras ou receber alguns dos prêmios que recebeu por sua obra como o prêmio Jabuti, Prêmio Camões e agora o Prêmio Moacir Scliar de Poesia, do qual Gullar é o vencedor. O “não voar” de Gullar seria motivo alegado pela direção do Instituto Estadual do Livro do Rio Grande do Sul para entrega do prêmio de 150 mil reais a ele conferido na Biblioteca Nacional no Rio de Janeiro no próximo dia 29. Dos 152 concorrentes ao prêmio apenas três nomes nacionais reconhecidos: Adélia Prado, Gullar e Marina Colasanti; dois nomes regionais conhecidos e 147 nomes desconhecidos, provavelmente novos poetas. É curiosa a seleção do livro de poemas de Gullar para receber o Prêmio por se tratar de uma antologia ( ou seja, poemas já publicados) e um dos jurados ter feito a apresentação do livro premiado. A editora do livro vencedor também recebe 30 mil reais, sendo que esta gentilmente patrocinará a festa no Rio de Janeiro, outro fato que causa estranheza, pois não é usual um premiado patrocinar um coquetel de premiação. Um dos poetas que recebeu menção honrosa resolveu recusar a premiação perturbando um pouco o brilho da entrega do prêmio à Gullar pelo nosso governador no dia 29. A impressão que me ficou desse embroglio é que, enquanto Gullar não voa, alguns dos nossos intelectuais da província não correm, voam, como mariposas atrás do brilho efêmero da luz que emana do talento alheio. Seria interessante que Instituto Estadual do Livro em nome da lisura do concurso abrisse os votos de todos os jurados que premiaram Gullar, pois os nomes dos concorrentes e dos jurados podem ser acessados no site do Instituto, mas os votos não.

(fontes- Zero Hora dia 21 de março de 2012- site do Instituto Estadual do Livro)