7/28/2014

Vai ler ô inocente, sabe nada!

Bah!
Só uma exclamação como esta, aqui do rio grande, para expressar surpresa sobre coisas inauditas e absurdas. Bah!
O que eu li hoje me perturbou, me fez voltar a esse blog para escrever sobre uma grande imbecilidade mal rascunhada a respeito de Ariano Suassuna.
Um  tal de Alex Antunes (uma pergunta, quantos livros tem publicado o moço?) metendo o pau em Ariano Suassuna, recém falecido. O cara escreve  se não me engano no Yahoo.
O  tal segue a antiga tendência do pensamento colonizado de que qualquer brasileiro, seja qual for, vale nada, nem merece respeito. Consideração, nem se fala.
O rapaz ataca Suassuna porque ele ousou falar de uma cultura avassaladora,doentia, essa sim, burra na maior expressão.
Ariano, no texto de Alex, não merece nenhum respeito, nada. O texto é deselegante e até imoral.
 Brasileiro não pode ser pensador, não pode cometer equívoco ou dizer bobagens.
Mas, com certeza, diante de um Noam Chomsky certamente Alex se ajoelharia. Nada contra Noam Chomsky um dos poucos norte-americanos que mete o pau naquela cultura voltada para o sucesso a qualquer preço, do bem estar armamentista, e  fala do que a mídia ignora, por conveniência ou grana.

A  questão de Ariano,aqui é emblemática.
Suassuna foi um dos poucos brasileiros que vi nos últimos anos criticar palavras, costumes mal importados e nisso seguia a tendência dos modernistas quando buscavam encontrar uma linguagem escrita nossa, adequada para nossa fala.
Oswaldo de Andrade chegou a ser criticado por  Mario de Andrade pelo o uso da palavra garagem. 
E nisto Ariano fez o que um intelectual de valor faria, usando os espaços disponíveis para chamar a atenção sobre a necessidade de manter um pouco de nossa integridade cultural.
E a gozação dele, com a volta, o entorno  dos buracos negros?
Aquilo é física, mano.
O cara tava brincando com a questão dos buracos negros, de leve.
Ele criticou como ninguém como raros intelectuais, uma cultura massiva que exporta sua ignorância, seu mitos pobres, explorados como os negros que cantam sua miséria social e política:“ estou com grana hoje,vou detonar na balada, vou comer  todas, tenho um carrão fudido e você otário, tem o que?”!
O carrão, a grana, conseguida onde? Na esquina, com a miséria  dos que não reagem mais por falta de forças. Tai o Tupac morto, e tantos outros.
E Madonna? Com  sua voz de falsete, pouco talento e uma produça enorme (como diz um produtor musical nosso), pra fazer aquela franga pelada parecer que cantava. Aonde ela anda agora?Ah! Mudou de nome, se chama Lady Gaga.
Homer Simpson faz bem em comer o vestido dela.  O Grammy que ela ganhou não foi pela voz ou pelo talento, mas pelo vestido que ofendeu metade deste mundo faminto.
Viva esses mitos!
Mitos, talentos  com prazo de validade!
Suassuna matou a charada, rapaz!
E você, babe!Porque nunca na sua vã filosofia de almanaque vai conseguir essa síntese.
E,digo mais,Ariano não era xenófobo, as referências de sua obra são universais, na Compadecia, estão lá para quem souber ler, O Mercador de Veneza, lendas árabes e, ele teve a sabedoria de grande intelectual de confessar isso.E  brincar com isso!
 Lá pelos anos oitenta ele disse que não iria escrever mais, tenho mais de uma testemunha deste seu destempero.
Num país como o nosso, de respeito escasso, é fácil de entender a atitude.
E você, seu Alex? Já pensou em parar de escrever? Essa seria uma ótima hora para pensar nisto.
É isso! Viva a cultura do ritmo sem música, da poesia sem poesia !Do tambor, sem harmonia.
Vivemos a era do lixo, lixo imposto em cima de culturas  miseráveis,  pobres e mais ignorantes.Viva  nossa miséria  e ignorância para a felicidade e beneplácito das multinacionais do disco,das editoras que lançam toneladas de livros criados por equipes de redatores, de um cinema que multiplica a velocidade dos carros, dos tiros e da violência gratuita.
Gosto é gosto.
Mas cultura é cultura. Para fazer cultura  precisa esforço, trabalho, dúvidas, erros e dedicação.
Coisas necessárias a um bom intelectual.
Para  cultura de massa é só babar, diante do traje de Lady Gaga e as coxas  magras da Madonna.
Sussuana acertou como um intelectual serio, importante que foi.

Sabe nada ô inocente, útil!
A mulher ta andando com o vizinho e tu rindo na beira da piscina. Achando que sabe das coisas.
Ariano sabia do que falava e se lidou com os milicos, fez como a maioria dos brasileiros para conseguir sobreviver naquele período podre do Brasil, coisa que este senhor Alex não deve saber por que não passou por isso.
Õ sujeito! Por acaso tirou passaporte,ou teve que fugir daqui neste período? Esteve fora, exilado?Pensou e sofreu o Brasil longe dele? Sabe nada!Ou viveu aqui tendo que sustentar uma família cuidando-se dos arapongas que infestavam cada departamento de universidade, repartições públicas e a vida social ou privada?
Fácil falar, vai falando, mas respeito e cuidado com o que fala!
Não conseguirmos ter uma indústria cultural, e uma medíocre  indústria em geral, porque temos um atraso atávico e uma corja de nojentos que nunca respeitou esses país como ele merece ser respeitado.
 Vá ler história, inocente, sugiro um brasileiro como Nelson Wernek  Sodré,historiador e milico, mas com que história pessoal e intelectual, meu caro!Em suas Razões da Independência ele mostra como lombo dos negros no Brasil criou a Revolução Industrial, você sabia?
Claro que não, isso não interessa a burrice nacional colonizada!
 Não!
 Interessa o pitoresco, o cômico o ridículo e o grosseiro. Alguns brasileiros gostam de ter uma baixa auto-estima de viver no brete, enjaulado, bebendo coca cola  e rindo  com os dentes cariados para enfeitar e pagar a beleza do show bizz.
Nelson Werneck como Ariano, entre vários outros, amaram profundamente esse país. E buscavam  saber de suas raízes e não apenas da superfície.
Qualquer moleque norte-americano  respeita  os pais de sua pátria e aqui?
E sabe por quê? Desde o berço eles são ensinados a respeitar.E aqui se ensina algum tipo de respeito? Ensina-se o deboche, o amor as chuteiras e o desprezo como foi demonstrado no seu texto.
Não, aqui debochamos da mãe do juiz, do bigode de dona Carlota e enfatizamos o ridículo histórico.
País  de gente  metida a saber escrever, é  fácil atacar quem morreu  ontem.
Fácil, ele não vai sair do túmulo como um personagem dos vídeos de Michael Jackson pra puxar a sua barba medíocre.
Fácil dizer que  ele que viveu a sua vida em erro. Porque era de esquerda, etc,besteira, você não percebeu que esquerda e direta hoje são bobagens, aqui e no teu país, os EUA. Lá eles se dividem em democratas e republicanos, uns a favor da grana e outros a favor de dividir um pouco desta grana.

E digo mais, conheço a obra de Ariano desde criança,
Ele já era grande quando você certamente não era nem era nascido e havia orgulho nos teatros dos colégios quando alguém interpretava um personagem do Auto da Compadecida. E, esse orgulho  vai continuar existindo apesar de você como já dizia Chico Buarque.
Respeito é bom e eu gosto como se fala aqui no rio grande.
Te dou (ou dou-te) uma tarefa, pequena coisa metida a critico:
Lê o Auto da Compadecida.  Mas lê, não o que a Globo exibiu. E nem vai ao You Tube ou no Google achar que vai descobrir o que não sabe.
E vai ficar surpreso o quanto de beleza, humanidade,  arte, criação, existe no texto.
Você é capaz disto? 
Suassuna perdoa esses, aliás, a Compadecida perdoa.
E começa a ler Alex,  faz o favor. Dá pra ver pelo seu texto que você não leu nada! E o que leu não conseguiu entender.
Seu texto capenga, tosco mostra  muito bem do que são feitos os, talvez, pretensos novos intelectuais brasileiros, sem história e ocos.
Cheios de vento e miséria.
Vai ler ô inocente!

 Mas bah!