Bah!
Só uma exclamação como esta, aqui do rio grande, para expressar
surpresa sobre coisas inauditas e absurdas. Bah!
O que eu li hoje me perturbou, me fez voltar a esse blog para
escrever sobre uma grande imbecilidade mal rascunhada a respeito de Ariano
Suassuna.
Um tal de Alex Antunes (uma pergunta, quantos livros tem
publicado o moço?) metendo o pau em Ariano Suassuna, recém falecido. O cara
escreve se não me engano no Yahoo.
O tal segue a antiga tendência do pensamento colonizado de
que qualquer brasileiro, seja qual for, vale nada, nem merece respeito.
Consideração, nem se fala.
O rapaz ataca Suassuna porque ele ousou falar de uma cultura
avassaladora,doentia, essa sim, burra na maior expressão.
Ariano, no texto de Alex, não merece nenhum respeito, nada. O texto é deselegante e até imoral.
Brasileiro não pode ser pensador, não pode cometer equívoco
ou dizer bobagens.
Mas, com certeza, diante de um Noam Chomsky certamente Alex se
ajoelharia. Nada contra Noam Chomsky um dos poucos norte-americanos que
mete o pau naquela cultura voltada para o sucesso a qualquer preço, do bem estar
armamentista, e fala do que a mídia ignora, por conveniência ou grana.
A questão de Ariano,aqui é emblemática.
Suassuna foi um dos poucos brasileiros que vi nos últimos anos
criticar palavras, costumes mal importados e nisso seguia a tendência dos
modernistas quando buscavam encontrar uma linguagem escrita nossa, adequada
para nossa fala.
Oswaldo de Andrade chegou a ser criticado por Mario de
Andrade pelo o uso da palavra garagem.
E nisto Ariano fez o que um intelectual de valor faria, usando os
espaços disponíveis para chamar a atenção sobre a necessidade de manter um
pouco de nossa integridade cultural.
E a gozação dele, com a volta, o entorno dos buracos negros?
Aquilo é física, mano.
O cara tava brincando com a questão dos buracos negros, de leve.
Ele criticou como ninguém como raros intelectuais, uma cultura
massiva que exporta sua ignorância, seu mitos pobres, explorados como os negros
que cantam sua miséria social e política:“ estou com grana hoje,vou detonar na
balada, vou comer todas, tenho um carrão fudido e você otário, tem o
que?”!
O carrão, a grana, conseguida onde? Na esquina, com a miséria
dos que não reagem mais por falta de forças. Tai o Tupac morto, e tantos
outros.
E Madonna? Com sua voz de falsete, pouco talento e uma produça enorme
(como diz um produtor musical nosso), pra fazer aquela franga pelada parecer
que cantava. Aonde ela anda agora?Ah! Mudou de nome, se chama Lady Gaga.
Homer Simpson faz bem em comer o vestido dela. O Grammy que ela
ganhou não foi pela voz ou pelo talento, mas pelo vestido que ofendeu
metade deste mundo faminto.
Viva esses mitos!
Mitos, talentos com prazo de validade!
Suassuna matou a charada, rapaz!
E você, babe!Porque nunca na sua vã filosofia de almanaque vai
conseguir essa síntese.
E,digo mais,Ariano não era xenófobo, as referências de sua obra
são universais, na Compadecia, estão lá para quem souber ler, O Mercador de
Veneza, lendas árabes e, ele teve a sabedoria de grande intelectual de
confessar isso.E brincar com isso!
Lá pelos anos oitenta ele disse que não iria escrever mais,
tenho mais de uma testemunha deste seu destempero.
Num país como o nosso, de respeito escasso, é fácil de entender a
atitude.
E você, seu Alex? Já pensou em parar de escrever? Essa seria uma
ótima hora para pensar nisto.
É isso! Viva a cultura do ritmo sem música, da poesia sem poesia !Do
tambor, sem harmonia.
Vivemos a era do lixo, lixo imposto em cima de culturas
miseráveis, pobres e mais ignorantes.Viva nossa miséria
e ignorância para a felicidade e beneplácito das multinacionais do disco,das
editoras que lançam toneladas de livros criados por equipes de redatores, de um
cinema que multiplica a velocidade dos carros, dos tiros e da violência
gratuita.
Gosto é gosto.
Mas cultura é cultura. Para fazer cultura precisa esforço,
trabalho, dúvidas, erros e dedicação.
Coisas necessárias a um bom intelectual.
Para cultura de massa é só babar, diante do traje de Lady
Gaga e as coxas magras da Madonna.
Sussuana acertou como um intelectual serio, importante que foi.
Sabe nada ô inocente, útil!
A mulher ta andando com o vizinho e tu rindo na beira da piscina.
Achando que sabe das coisas.
Ariano sabia do que falava e se lidou com os milicos, fez como a
maioria dos brasileiros para conseguir sobreviver naquele período podre do
Brasil, coisa que este senhor Alex não deve saber por que não passou por isso.
Õ sujeito! Por acaso tirou passaporte,ou teve que fugir daqui
neste período? Esteve fora, exilado?Pensou e sofreu o Brasil longe dele? Sabe
nada!Ou viveu aqui tendo que sustentar uma família cuidando-se dos arapongas
que infestavam cada departamento de universidade, repartições públicas e a vida
social ou privada?
Fácil falar, vai falando, mas respeito e cuidado com o que fala!
Não conseguirmos ter uma indústria cultural, e uma medíocre
indústria em geral, porque temos um atraso atávico e uma corja de
nojentos que nunca respeitou esses país como ele merece ser respeitado.
Vá ler história, inocente, sugiro um brasileiro como Nelson
Wernek Sodré,historiador e milico, mas com que história pessoal e
intelectual, meu caro!Em suas Razões da Independência ele mostra como lombo dos
negros no Brasil criou a Revolução Industrial, você sabia?
Claro que não, isso não interessa a burrice nacional colonizada!
Não!
Interessa o pitoresco, o cômico o ridículo e o grosseiro.
Alguns brasileiros gostam de ter uma baixa auto-estima de viver no brete, enjaulado,
bebendo coca cola e rindo com os dentes cariados para enfeitar e
pagar a beleza do show bizz.
Nelson Werneck como Ariano, entre vários outros, amaram profundamente
esse país. E buscavam saber de suas
raízes e não apenas da superfície.
Qualquer moleque norte-americano respeita os pais de
sua pátria e aqui?
E sabe por quê? Desde o berço eles são ensinados a respeitar.E
aqui se ensina algum tipo de respeito? Ensina-se o deboche, o amor as chuteiras
e o desprezo como foi demonstrado no seu texto.
Não, aqui debochamos da mãe do juiz, do bigode de dona Carlota e
enfatizamos o ridículo histórico.
País de gente metida a saber escrever, é fácil
atacar quem morreu ontem.
Fácil, ele não vai sair do túmulo como um personagem dos vídeos de
Michael Jackson pra puxar a sua barba medíocre.
Fácil dizer que ele que
viveu a sua vida em erro. Porque era de esquerda, etc,besteira, você não
percebeu que esquerda e direta hoje são bobagens, aqui e no teu país, os EUA. Lá eles
se dividem em democratas e republicanos, uns a favor da grana e outros a favor
de dividir um pouco desta grana.
E digo mais, conheço a obra de Ariano desde criança,
Ele já era grande quando você certamente não era nem era nascido e
havia orgulho nos teatros dos colégios quando alguém interpretava um personagem
do Auto da Compadecida. E, esse orgulho vai continuar existindo apesar de
você como já dizia Chico Buarque.
Respeito é bom e eu gosto como se fala aqui no rio grande.
Te dou (ou dou-te) uma tarefa, pequena coisa metida a critico:
Lê o Auto da Compadecida. Mas lê, não o que a Globo exibiu.
E nem vai ao You Tube ou no Google achar que vai descobrir o que não sabe.
E vai ficar surpreso o quanto de beleza, humanidade, arte,
criação, existe no texto.
Você é capaz disto?
Suassuna perdoa esses, aliás, a Compadecida perdoa.
E começa a ler Alex, faz o favor. Dá pra ver pelo seu texto
que você não leu nada! E o que leu não conseguiu entender.
Seu texto capenga, tosco mostra muito bem do que são feitos
os, talvez, pretensos novos intelectuais brasileiros, sem história e ocos.
Cheios de vento e miséria.
Vai ler ô inocente!
Mas bah!